domingo, 24 de agosto de 2014

Crise de abastecimento gera esforço coletivo de gestores

Açude São Domingos, em Caririaçu, abastece várias comunidades, mas está secando (Foto: Elizângela Santos)
Juazeiro do Norte. As condições de abastecimento de água em municípios do Cariri são críticas e a situação só tem se agravado. Algumas cidades já convivem com o racionamento de água e têm comunidades abastecidas por carros-pipa, a exemplo de Santana do Cariri e Caririaçu. A preocupação é quanto à escassez de água, como acontece na cidade de Tarrafas. É um dos municípios abastecidos pelo açude Canoas, que também fornece água para as cidades de Assaré a Altaneira. Se há a preocupação pela baixa nos reservatórios, que não acumularam água suficiente este ano, os secretários de Agricultura de várias cidades da região buscam alternativas para o homem do campo e convivência com quadro de estiagem, que deverá se intensificar nos próximos meses.

As alternativas de melhores condições foram debatidas recentemente entre os secretários de Agricultura de Municípios como Altaneira, Santana do Cariri, Tarrafas e Antonina do Norte. A discussão será ampliada na região com líderes governamentais e representantes de entidades. Uma reunião será realizada em Santana do Cariri no próximo dia 16 de setembro.
Agricultor José Pereira da Silva, em Santana do Cariri, observa um poço profundo instalado, mas sem funcionamento devido à falta de máquina que faça o bombeamento da água para cima. População continua desabastecida (Foto: Elizângela Santos)

Reivindicações como a criação de um Fundo Estadual para o Desenvolvimento das Secretarias de Agricultura foi um dos pontos destacados pelos secretários além do apoio mais efetivos aos eventos voltados para a agropecuária nos municípios.

Mesmo com todas as necessidades apontadas pelos secretários na área agrícola, o maior problema reside na falta de água para algumas cidades, que necessitam de maior número de carros-pipa para comunidades mais distantes. É o caso de Santana do Cariri, que se encontra, conforme avaliação da Secretaria de Agricultura local, à beira de um colapso. O secretário, Joaquim Major, afirma que atualmente localidades do município estão sendo abastecidas pelos caminhões e o número dos que realizam o transporte para o abastecimento se tornou insuficiente para atender à demanda.

Insuficiente
São oito caminhões trabalhando na zona rural de Santana. Ele destaca que a sua grande preocupação não está voltada apenas para os poços que atendiam as comunidades e que estão praticamente secos. A questão é que essas localidades ainda estão podendo contar com o abastecimento dos caminhões, que não têm sido suficientes para chegar a todas as comunidades.

"A nossa maior preocupação está sendo onde ir buscar água se essa estiagem se prolongar por mais um ano. Estamos precisando de mais recursos e carros-pipa da Defesa Civil, para poder matar a sede do homem do campo, não só em Santana do Cariri, mas em toda a região do Cariri Oeste", afirma o secretário, ao fazer uma breve avaliação do estado de escassez e as poucas previsões relacionados a um bom inverno este ano.

A iminência de colapso no abastecimento em Santana do Cariri foi constatada por meio de uma grande perda de vazão nas nascentes. "O sertão era abastecido pelos pequenos açudes que já estão secos, a pouca água que tem está contaminada, as cacimbas e poços profundos também já secaram", diz. Em Antonina do Norte, o secretário de Agricultura, Antonio Dias de Andrade, destaca a sua grande preocupação, quanto à falta maior investimento na agricultura familiar e na pecuária, que são os dois carros-chefes do homem do campo. Ele acrescenta que a situação em relação ao sistema de abastecimento de água em Antonina do Norte é preocupante porque a barragem que abastece boa parte do município, está praticamente seca e a população está sendo obrigada a ter que comprar água que vem das nascentes para consumir, e a tendência é que para o consumo animal haja maior dificuldade.

Contaminada
Para Joaquim Major, os problemas abordados pelos secretários estão sendo comuns em todos os municípios da região. "Esperamos que as reivindicações dos municípios sejam atendidas e venham realmente mudar o perfil de nossa agricultura. A realidade de nossas secretarias é a falta condições de trabalho" ressalta. Ela ainda diz que a pouca água que tem está contaminada e as cacimbas e poços profundos também já secaram.

O secretário de Agricultura do município de Tarrafas, Antonio Dias, aponta que hoje já há uma enorme preocupação com a escassez de água, porque as reservas hídricas estão começando a secar. O açude Canoas, que fica em Assaré, é responsável pelo abastecimento d água da região da Ribeira dos Bastiões. Este ano, o acúmulo de água não foi suficiente para garantir o abastecimento de toda esta área. A produção de alimentos foi pequena e com esta situação os agricultores afirmam que poderão chegar a estaca zero. Segundo o prefeito de Assaré, Samuel Freire, a situação é muito preocupante, porque o açude da localidade não chegou a acumular 10% da sua capacidade.

Reservatórios
Uma realidade prevista e que ano após ano tem se agravado. Os níveis de água nos reservatórios da Bacia do Salgado atingem níveis críticos e há cidades em que as condições são extremamente difíceis em relação ao abastecimento de água. As alternativas de racionamento têm sido saída, com a diminuição no consumo de até 50%, como tem ocorrido na cidade de Caririaçu que há mais de um ano, passa por sério racionamento e comunidades estão sendo abastecidas com carros-pipa.

As cidades maiores utilizam as águas subterrâneas, algo que deixa o Cariri em situação mais confortável em relação outros centros urbanos do Estado do Ceará. Pelo menos é o que admite o gerente regional da Cagece, Marcelo Gutierres.

A cidade de Juazeiro do Norte, a mais populosa da região, é abastecida por 47 poços profundos. Bairros como a Betolândia. Aeroporto e São José ainda vivenciam o problema da falta d´água. Ele admite que pelo menos essa realidade pode ser contornada, com projetos aprovados e a liberação dos recursos para a abertura desses poços.

Mesmo com uma extrema dificuldade de recursos para abrir novos poços, há cerca 20 deles, de grande profundidade, de até 500 metros, destinados ao Nordeste, desde o ano passado, por meio de projetos do Governo Federal. Mas poucas localidades no Estado tiveram condições de receberem esse benefício, já que em 85% do Ceará se torna praticamente impermeável, com as rochas cristalinas.

ENQUETE
O que mais reivindicam?
"A nossa maior preocupação está sendo onde ir buscar água se essa estiagem se prolongar por mais um ano. Estamos precisando de mais recursos e carros-pipas da Defesa Civil, para poder matar a sede do homem"
Joaquim Major
Secretário de Agricultura

"Precisamos de adutoras. A situação em relação ao sistema de abastecimento de água em Antonina do Norte é preocupante, porque a barragem que abastece boa parte do município, está praticamente seca"
Antônio Dias de Andrade
Secretário de Agricultura

Mais informações:
Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh)
Rua Coronel Secundo, 255
Bairro: Centro
Município: Crato/CE
Tel: (88) 3523-6302
Fax: (88) 3523-6302
Elizângela Santos
Repórter

Fonte: Diário do Nordeste  e site Miséria

Seca no Ceará é a pior dos últimos 55 anos e atinge 96% do estado

FORTALEZA (CE) - O Ceará passa pela pior seca dos últimos 55 anos. Dos 184 municípios que compõem o estado, 96% decretaram situação de emergência, ou seja, 176 cidades. Nestes lugares onde a chuva não chega e os mananciais estão à beira de um colapso, a água para beber é difícil e, muitas vezes, vem de carro-pipa, porém a qualidade do líquido distribuído para o consumo é desconhecida pela população.

Este ano, os resultados referentes a potabilidade da água presente nos 1.101 carros-pipa, que atendem a 122 municípios no estado, não constam no Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (SISAGUA), do Ministério da Saúde. Segundo a pasta ministerial, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), responsável pelo controle, não enviou os dados de 2013 e 2014.

Apesar de o Relatório Sobre Vigilância da Qualidade da Água ter sido amplamente divulgado em 2013 pela Sesa, a assessoria de comunicação do órgão informa que a responsabilidade por este monitoramento é da 10ª Região Militar e o estudo de 2013 estava com o órgão do exército.

FALTA LAUDO E MONITORAMENTO
Os dados do documento foram utilizados para elaboração do relatório final de 2013, da Comissão Especial da Assembleia Legislativa (AL-CE), que acompanha a Problemática da Seca e as Perspectivas de Chuva no Ceará. Segundo o estudo, das 128 localidades que recebiam água de carro-pipa, apenas 28 tinham veículos cadastrados no SISAGUA e coletavam amostras para a vigilância da qualidade da água.

Em consulta ao coordenador da Operação Carro-Pipa no Ceará, o Coronel Claudemir Rangel dos Santos, sobre os dados atualizados deste monitoramento, diz que ao exército cabe a distribuição da água e a cobrança do laudo de potabilidade dos mananciais aos municípios atendidos. Ele nega que este tipo de estudo seja de responsabilidade da 10ª Região Militar.

- O Exército não tem condições e nem aparatos técnicos para fazer esta análise, nossa função é a distribuição, assim como determina a portaria interministerial do Ministério da Integração e do Ministério da Defesa - esclarece.
Moradores de Quixadá são reféns do uso de carros-pipa; qualidade da água não é garantida (Foto: Marília Camelo)

Segundo o coordenador da operação no Ceará, foi pedido a Sesa que indicasse uma equipe da Vigilância Sanitária para acompanhar o processo de contratação dos pipeiros e verificasse se o carro a ser contratado atendia ou não os termos da Vigilância Sanitária, mas ainda não há resposta.

- Enviamos um ofício, mas não nos responderam. Nosso objetivo era ter uma equipe da vigilância, cada vez que os carros-pipa fossem sorteados para trabalhar na operação - acrescenta o Coronel.

Sobre o cadastro dos carros no SISAGUA, Rangel afirma que, em 2013, ocorreram mudanças no sistema de contratação dos pipeiros, e este passou a ser um credenciamento por inelegibilidade de licitação, em que, trimestralmente, os contratos são renovados.

Por conta desta rotatividade, Rangel diz que foi pedido a Sesa a senha para acessar o SISAGUA para que, desta forma, o Exército pudesse realizar diretamente o cadastro dos pipeiros. Porém, de acordo com o Coronel, esta foi negada, e fichas foram distribuídas para serem preenchidas manualmente e posteriormente entregues à Secretaria da Saúde.

Ainda segundo Rangel, 1.048 cadastros estão sendo feitos e devem ser entregues em alguns dias. Este quantitativo é somente dos carros sobre responsabilidade do Exército Brasileiro, outros outros 54 são da gestão estadual.

- Em relação ao cadastramento dos carros-pipa no SISAGUA, este será feito nos próximos dias, pois mandaremos para eles as fichas com todos os dados dos carros, tais como placa, nome do motorista, CPF, entre outras informações - garantiu o coordenador da operação no Ceará.

Conforme portaria do Ministério da Integração e do Ministério da Defesa, o Comando de Operações Terrestres do Exército Brasileiro (Coter) é responsável pela execução do programa Operação Carro-Pipa, incluindo distribuição da água, contratação, seleção e pagamento dos pipeiros.

A Portaria 2.914 de 2011 diz que toda água destinada ao consumo humano, distribuída coletivamente por meio de sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento, deve ser objeto de controle da vigilância da qualidade. E que esta vigilância deve ser promovida e acompanhada pelas Secretarias de Saúde dos estados.

MOSTRAS CONTAMINADAS
A situação preocupa, pois de acordo com o relatório da Comissão da Seca da AL-CE, o estudo, quando a SESA analisou 381 amostras de água de 28 municípios (os únicos que possuem carros-pipas cadastrados no sistema de informação e coletaram amostras), concluiu-se que 60% das amostras estavam contaminadas: 18% (70) com a bactéria Escherichia coli e 42% (160) com coliformes fecais.

O Ceará registrou, em 2013, um número elevado de casos de doenças diarreicas agudas. Municípios tiveram surtos do problema que está relacionado à qualidade da água que chega à população. Os dados da Sesa, apontavam que a estiagem é “relevante” na ocorrência de doenças diarreicas agudas (DDAs). No Ceará, foram confirmados cerca de 200 mil casos. Não há informação de óbitos, mas 14 municípios somaram 77 surtos.

Em cidades como Quixadá, a 200km da capital, 64 carros-pipa levam água para a população. Lá mora o agricultor Antônio César Alves, 43 anos, que apesar de não duvidar da qualidade da água, diz que muitas vezes pede ao pipeiro para que não adicione cloro.

- É que fica difícil para beber, o gosto fica forte e dá diarreia nas crianças e até nos adultos.
 
É recorrente a queixa de gosto forte e de diarréia pelos moradores (Foto: Marília Camelo)

Segundo a Secretaria municipal de Agricultura, cada vez mais tem se colocado mais pedras de cloro nos tanques dos carros-pipa, pois, a cada dia, está mais difícil encontrar água potável nos mananciais. De acordo com o órgão, o correto é uma pedra de cloro para cada sete mil litros, mas atualmente tem se colocado de três a quatro pedras.

Para o professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará (Deha-UFC), Francisco de Assis de Sousa Filho, os cenários de seca hoje no país, que incluem tanto a escolha de soluções adequadas quanto a correta fiscalização dos mananciais, é resultado da carência de um plano de águas para a população rural difusa e um plano de secas com medidas claras.

- A seca é um fenômeno natural, mas com impactos sociais muito relevantes. Portanto, precisamos de planos que se adiantem à seca, que identifiquem e monitorem este processo. Pois hoje, seja no Nordeste ou no Sudeste, as ações para seca são definidas na própria seca - alerta.

Segundo Assis, hoje, no Brasil não existe um plano de águas para população rural difusa, e por não existirem, tanto a comunidade quanto o próprio governo aplicam dinheiro em medidas não tão eficientes.

Nos últimos 34 anos, houve 14 secas no Ceará. Em 2013, a quadra invernosa ficou 37,7% abaixo da média histórica do estado. O governo estadual investiu R$ 1,18 bilhão em Segurança Hídrica, bem como R$ 384,5 milhões na construção de 143.866 cisternas em todo o Ceará.

Fonte: O Globo.com  e site Miséria

Calça biônica para trabalhadores

Chairless Chair age como um suporte para trabalhadores cansados usarem a qualquer momento.

Sentar não vai te matar. Muito pelo contrário, é ótimo para descansar um pouco e bem importante. Para algumas pessoas, como trabalhadores de linhas de montagem, a ausência de uma cadeira para sentar se torna uma ameaça de saúde. É por isso que a Noonee desenvolveu a Chairless Chair, uma cadeira que você pode vestir.
Essencialmente, trata-se de um par de calças mecânicas. A Chairless Chair age como um suporte para trabalhadores cansados usarem a qualquer momento. Como ela não toca o chão - ela usa o quadril de quem veste para redirecionar o peso do calcanhar e do pé - aparentemente não atrapalha outras pessoas quando está em seu modo cadeira, podendo ser usada para andar normalmente ou até correr.
A ideia é do CEO da Noone, Keith Gunura, que trabalhou em uma fábrica de empacotamento no Reino Unido aos 17 anos. Como todas as boas ideias, ela nasceu do desejo eterno "de sentar em qualquer lugar e a qualquer momento", como Gunura explicou à CNN.
Em seu formato atual, a Chairless Chair de alumínio e fibra de carbono pesa cerca de 2kg, distribuídos ao longo da parte inferior do corpo. Assim, é "uma quantidade absurdamente baixa de esforço para carregar uma cadeira para qualquer lugar." E imagine quão fantástica seria se fosse motorizada. Por enquanto, ela é simples, e deve ser incorporada às fábricas da BMW e Audi ainda neste ano. Esperamos que chegue logo ao mundo dos consumidores finais. Esqueça jetpacks; o futuro é sobre se sentar em qualquer lugar.

Fonte: http://tecnologia.br.msn.com/gadgets/cal%C3%A7a-bi%C3%B4nica-tamb%C3%A9m-%C3%A9-uma-cadeira-que-voc%C3%AA-pode-vestir